18 de outubro: Eu amo Neópolis?

18 de outubro: Eu amo Neópolis?

Em 18 de outubro de 2024, celebramos os 345 anos de Neópolis, Vila Nova do São Francisco, a cidade mãe de todas as demais cidades do Baixo São Francisco Sergipano. É importante destacar que todos os municípios da região foram desmembrados do território que originalmente pertencia a Vila Nova. Nossa povoação é ainda mais antiga, e, na região, só estamos atrás da nossa querida vizinha Penedo.

Foto: Arquivo Pessoal Neópolis FM

Poucas pessoas têm consciência dessa verdade. É comum atribuir a data à emancipação política da cidade, mas a pergunta que sempre faço aos que cometem esse equívoco é: emancipou-se de quem? Esse erro revela a necessidade urgente de abordarmos questões relacionadas à preservação, resgate e manutenção da história e da memória de nossa amada cidade. O descaso é evidente quando observamos o enfraquecimento do sentimento de pertencimento e identidade da população local em relação à sua cidade. Como valorizar uma história e se identificar com ela se a desconhecemos?

Enquanto várias outras cidades da nossa região buscam enriquecer sua história para promover a valorização cultural e turística, reconhecendo que a história gera recursos e impulsiona a economia local, em Neópolis assistimos a um movimento oposto. Há alguns anos, participei de um intenso debate quando tentaram “assassinar” 231 anos da história da cidade, alegando que o aniversário deveria ser celebrado a partir de 1910. Questionei um membro da câmara municipal sobre o caminho ilógico que ele pretendia seguir ao transformar suas opiniões pessoais em verdades absolutas. Esse episódio revelou o desinteresse e a falta de conhecimento que um dos órgãos mais importantes da cidade tinha sobre sua própria história.

Em 2018, escrevi uma dissertação de mestrado intitulada "História do Lugar, Ensino de História e Novas Tecnologias: Uma Proposta para o Trabalho Docente no Ensino Médio", na qual propus uma intervenção com o objetivo de disseminar o conhecimento sobre a história de Neópolis entre os alunos do ensino médio. Além disso, minha proposta visava estimular o interesse de mais pessoas e instituições pelo resgate, registro e divulgação da rica história da cidade, que possui episódios e personagens ímpares e relevantes na história sergipana, nordestina e brasileira.

Embora não possa afirmar que o esforço foi em vão — trabalhos científicos e ideias nunca se perdem —, a repercussão e o movimento esperados não se concretizaram. Hoje, em 18 de outubro, a cidade apresenta um cenário de apatia: um feriado sem reconhecimento, sem festas, sem manifestações culturais e sem homenagens dos principais órgãos do município. Uma missa na igreja, que é importante, mas sem qualquer outro movimento além disso.

Sonho com o dia em que o 18 de outubro se torne uma data de orgulho e celebração para toda a população de Vila Nova, atraindo visitantes de outras cidades que venham compreender a importância histórica de Neópolis para nossa região. É essencial que resgatemos e valorizemos nossa história, não apenas para honrar nosso passado, mas também para construir um futuro mais rico e consciente.


Professor Wendel Mota

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